15 de out. de 2012

Warm up é coisa séria!

Uma reflexão sobre a importância dos primeiros DJs da festa, que necessitam de muita experiência para executar sua função

Warm-up não é apenas o carinha que vai abrir a festa, seja por ser o menos conhecido, amigo do promoter ou com o cachê mais barato. Podem ter certeza, possui uma importância muito maior do que isto. É o que irá dar “o boas vindas”, ajeitando o terreno para o que virá na seqüência, preparando literalmente o “espaço”.
É o artista que precisa conhecer a fundo todas as sonoridades. Seria como um verdadeiro especialista, que inicia os trabalhos da noite, pegando a situação do zero e compondo assim uma atmosfera mais do que única, convidativa, subindo aqueles "2 ou 3 degraus" que vão fazer com que o início do próximo DJ seja quase continuação do seu próprio set. Não precisa ser necessariamente dançante, mas se o for, melhor ainda. Além de seguir uma linha lógica, no que condiz à evolução e ordenamento das músicas, este aquecimento deve ter relação direta primeiramente com a proposta da festa, da casa e mais ainda com o "headliner" da noite.
Logo, não há uma fórmula, gênero ou método pré-definidos. É essencial que seja elaborado e fundamentado na atração principal, seja ela qual for, independente do estilo musical. No caso da musica eletrônica em especial, pode ser iniciado em uma vertente e ser finalizado com outra, não estando preso a rótulos. É de se esperar que seja feito com um som mais lento, mas não há uma regra imposta. Assim, sua função não é a de agitar e sim de "lubrificar as engrenagens", gerando a expectativa necessária para o grande momento aguardado pelos presentes.
O modo apropriado de como ser executado pode até ser ensinado, mas depende tanto da experiência, feeling e da maturidade musical adquirida, pois é o que dará segurança necessária para que seja realizado de forma precisa. Isso acaba tornando extremamente injusto exigir tamanha competência de um profissional sem bagagem, salvo raríssimas exceções. É obvio que esse “talento” só é conquistado através da prática, sendo imprescindível a oportunidade para desenvolver tal aptidão. Torna-se indispensável que essa função seja realizada amparada pelo bom senso e não de maneira precipitada, com o intuito de atrair a atenção pra si e esquecendo da sua real função de suporte e não de protagonista, devido à falta de humildade, respeito ou de estrelismo exacerbado. Portanto, fica evidente a importância de uma escolha minuciosa por parte do contratante das peças que irão montar o line-up, e mais do que qualidade possua uma seqüência crescente, sem quebras, do “start” ao "ápice" proposto.
 
Já perdi inúmeras oportunidades no começo de carreira de ser o primeiro, porque me faltava confiança e repertório adequado. Hoje sou bem sincero em afirmar que esse é o horário em que me sinto mais à vontade e que não troco por nada à chance de poder tocar músicas que acredito por uma posição à frente, e ser “forçado”, em muitos casos, a ter que tocar algum hit ou outro para ter que "bombar" a pista. Muitos podem até discordar da minha opinião, mas fazer as pessoas se emocionarem a 105, 110 bpm, além de ser muito digno, é de uma sensação inexplicável. Só quem já realmente sentiu, sabe.
Desta forma, peço encarecidamente a todos os envolvidos da cena, que não deixem que essa magia do warm-up desapareça! Não permitam que os que buscam agregar sejam desestimulados. Valorizem os verdadeiros profissionais e grandes pesquisadores, pois são estes que difundem "as boas novas", fazendo a importante ligação entre os produtores e o grande público. Tendo então a difícil missão de educá-los com boa música e os presenteando com o profissionalismo merecido.
Quem está junto?

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