3 de out. de 2013

A questão da Lei da Meia-Entrada




Há pouco mais de um ano o mercado de entretenimento brasileiro parecia promissor, movimentando US$ 34 bilhões, segundo a consultoria britânica Euromonitor, e com uma agenda de shows internacionais e festivais praticamente inédita no país. O cenário sofreu mudanças significativas em um curto período, e o cancelamento de fesivais como Sonar e vendas abaixo da média em shows de estrelas pops como Lady Gaga e Madonna no ano passado no Morumbi estremeceram o mercado.

Coincidência ou não, no mesmo dia em que a presidente Dilma sancionou a Lei da Meia-Entrada (8 de agosto), uma grande empresa do ramo de eventos tirou do ar seus canais de comunicação. A GEO Eventos, organizadora do gigante Lollapalooza Brasil, vem dando sinais de encerramento de atividades após uma lenta desfragmentação que se iniciou em abril, quando sua unidade de eventos esportivos foi desmontada. “Houve uma grande euforia”, diz um ex-executivo da GEO: “O mercado é muito difícil: há falta de locais, o problema dos ingressos de meia-entrada, muitos cambistas e preços altos”. O Lollapalooza 2014 será de responsabilidade de outra empresa, a Time 4 Fun.

O mercado da música eletrônica também vem sofrendo impacto. Segundo o produtor da Indústria de Entretenimento, responsável por festivais como Creamfields no Brasil, Tonico Novaes, o maior problema reside nos “absurdos” da lei da Meia-Entrada: “Se qualquer um consegue forjar um recibo de pagamento para conseguir uma carteirinha de estudante que dá direito à meia-entrada, os organizadores precisam dobrar o preço dos ingressos”. Desta forma, quem acaba arcando com a maior parte do prejuízo é o público.

Outros fatores contribuem ainda mais, como a alta do Dólar e o aumento da quantidade de festivais no país. A lei da Meia-Entrada pesa ainda mais se somada a todos eles, visto que deve reservar um total de 40% dos ingressos dos eventos para serem vendidos à metade do preço. A lei faz parte do “pacto pela juventude brasileira”, defendido por Dilma Rousseff, que visa auxiliar na inclusão social de jovens carentes de 15 a 29 anos. Mas nos moldes atuais a carteirinha de estudante não é exclusiva a jovens carentes. Segundo Alexandre Albini, freqüentador de eventos que não possui o benefício, a falha é na distribuição justa do mesmo: “A lei deveria valer para estudantes em geral até o termino do ensino médio, que não possuem renda própria, para estudantes de graduação de instituições públicas e bolsistas, além de doadores de sangue e idosos mediante comprovação de renda”, o que implicaria em uma vasta reforma do sistema.

Tonico Novaes afirma que há, ainda, uma via de mão única que torna as coisas mais difíceis para os produtores: “Se a Lei da Meia-Entrada foi criada para levar cultura ao jovem, está completamente errado permitir a venda de meia-entrada em um evento de música eletrônica, visto que este tipo de evento, na contramão, não pode pedir auxílio ao governo através de leis de incentivo à cultura como a Lei Rouanet.”

Enquanto a lei não é aprovada pelo Senado, as dúvidas e incertezas em relação ao assunto seguem influenciando na conta dos produtores de evento brasileiros - e no bolso dos frequentadores também!

via: http://www.danceparadise.com.br/noticias/trance/1943/a-questo-da-lei-da-meia-entrada

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